"E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. 1 João 5:20"

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OS QUE ACREDITAM NA UNICIDADE E A HISTÓRIA DA IGREJA


Capítulo 10. OS QUE ACREDITAM NA UNICIDADE E A HISTÓRIA DA IGREJA
Como temos visto nos capítulos precedentes, a Bíblia ensina, de modo coerente, a unicidade de Deus. No entanto, a igreja, hoje, quer nos fazer crer que, através de toda a história, a igreja cristã tenha aceitado a doutrina da trindade. Será verdade? Os líderes da igreja, na era pós-apostólica, eram trinitarianistas? Há, na história da igreja, pessoas que tenham acreditado na Unicidade?
Em nossos estudos sobre esse assunto, chegamos a três conclusões que passaremos a discutir neste capítulo. 1- Tanto quanto podemos afirmar, os primeiros líderes cristãos, nos dias que se seguiram imediatamente à era apostólica, acreditavam na Unicidade. Não há dúvidas de que jamais ensinar a doutrina da trindade, como ela se apresenta mais tarde e como existe nos dias de hoje. 2- Mesmo após o aparecimento da doutrina da trindade, na parte final do segundo século, ela não tomou o lugar da unicidade, como doutrina dominante até por volta de 300 d C., e não se estabeleceu universalmente senão mais tarde, no quarto século. 3 - Mesmo depois do crime de Arianismo se tornar dominante, os crentes da unicidade continuarão a existir através de toda a história da igreja.
A Era Pós-Apostólica
Os historiadores da igreja concordam que a doutrina da trindade não existiu, como a conhecemos hoje, imediatamente depois da era pós-apostólica. (veja o Capítulo  11 - TRINITARIANISMO: DEFINIÇÃO E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO.) Os líderes cristãos que vieram logo após os Apóstolos e não se referiam a uma trindade, antes, afirmavam sua crença no monoteísmo do Velho Testamento e aceitavam sem questionar a Divindade e a humanidade de Jesus Cristo. [30] Uma vez que esses líderes deram ênfase a doutrina associadas à Unicidade, podemos supor que a igreja pós-apostólica aceitavam a unicidade de Deus.
Os mais prementes patriarcas pós-apostólicos foram Hermas, Clemente de Roma, Policarpo e Inácio. Seu ministério abrangeu o período de mais ou menos 90 a 140 d.C.
Irineu, um preeminente líder cristão, que morreu por volta de 200 d.C., tinha uma teologia essencialmente Cristocêntrica e a crença firme de que Jesus era Deus manifestado em carne. Ele acreditava que o Logos, que se encarnou em Jesus Cristo, estava na mente de Deus, e era o próprio Deus. [31]
Alguns estudiosos classificam Irineu como um crente na "trindade econômica". Esse ponto de vista afirma que não há trindade eterna, mas, apenas, uma trindade temporária. É muito provável, portanto, quem Lineu acreditasse numa tríplice idade de papéis ou atividades de Deus mais do que numa trindade de pessoas, acreditando, assim, na Unicidade. O certo é que ele não acreditava na doutrina da trindade do modo como ela se estabeleceu mais tarde.
Não encontramos referências à trindade como tal os primeiros escritos pós-apostólicos; eles se referem a apenas um Deus e a Jesus como Deus. Possíveis referências a uma emergente doutrina trinitarianista, entretanto, aparece em alguns escritos do segundo século, principalmente em algumas referências que parecem apontar a uma fórmula batismal triúna.
Há várias explicações possíveis para essas poucas referências a um conceito trinitariano, existentes nesses escritos. 1 - Os leitores e estudiosos trinitarianistas podem ter entendido mal essas passagens devido a sua própria tendência, assim como interpretaram mal as passagens bíblicas tais como Mateus 28:19. 2 - há uma forte possibilidade de que os copistas trinitarianistas, mais tarde, intercalaram (adicionaram) passagens de sua própria autoria -- uma prática muito comum na história da igreja. Isso é muito provável uma vez que as únicas cópias existentes desses primeiros inscritos foram feitas centenas de anos após os originais. Existe, por exemplo, um escrito primitivo chamado Didakhe que afirma que a comunhão deveria ser ministrada apenas àqueles que são batizados no nome do Senhor, mas menciona, também, o batismo em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo.
 [32] Entretanto, a cópia mais antiga existente do Didakhe está datada de 1056 d.C. [33] Sem dúvida falsas doutrinas já tinham começado surgido entre a igreja, em alguns casos. De fato, falsas doutrinas existiam mesmo nos dias apostólicos (Apocalipse 2 e 3) até mesmo falsas doutrinas a respeito de Cristo (II João 7; Judas 4). Levando tudo isso em consideração, no entanto, concluímos, a partir da evidência histórica, que os líderes da igreja, nos tempos que se seguiram imediatamente aos dias dos doze apóstolos de Cristo, acreditavam na Unicidade.
Unicidade -- A Crença Dominante No Segundo e No Terceiro Século 
Temos salientado que a unicidade era a única crença significativa nos dois primeiros séculos, com relação à Divindade. Mesmo quando formas de binitarianismo começaram a se desenvolver, não alcançaram projeção senão no final do terceiro século. Durante esse tempo, havia muitos notáveis líderes e mestres da Unicidade que se opunham à essa mudança na doutrina. (para apoio à nossa afirmativa de que a Unicidade era a crença predominante durante o período que se seguiu aos apóstolos veja o estudo intitulado "Monarquianismo Modalistico: Unicidade na história da Igreja Primitiva", no final deste capítulo. É um estudo a respeito dos maiores mestres da Unicidade e sua doutrina durante esse período da história da igreja).
Monarquianismo  Modalístico
Monarquianismo Modalístico é o termo usado, muitas vezes, pelos historiadores da igreja para se referir ao ponto de vista da Unicidade. A enciclopédia Britânica o define do seguinte modo:
O Monarquianismo Modalístico, aceitando que toda a plenitude da Divindade habita em Cristo, se opôs à "Subordinação" de alguns escritores da igreja, e sustentou que os nomes Pai e Filho eram somente diferentes designações do mesmo sujeito, o único Deus, que 'com referência às relações que tinha previamente mantido com o mundo é chamado  Pai, mas que com referência à sua aparição em humanidade, é chamado o Filho”.[34]
Os mais prementes líderes modalistas foram Noetus, de Smirna ,Práxeas, e Sabellius .Noetus foi mestre de Práxeas, na Ásia Menor; Práxeas pregou em Roma, por volta de 190, e Sabellius pregou em Roma por volta de 215. [35] Por ser Sabellius o mais conhecido dos modalistas, os historiadores, muitas vezes, chamam a doutrina de Sabelionismo. Sabellius se baseou fortemente nas Escrituras, especialmente em algumas passagens, tais como: Êxodo 20:3, Deuteronômio 6: 4 Isaías 44:6 e João 10:38.[36] Ele disse que Deus revelou a Si mesmo, como o Pai na criação, Filho na encarnação e Espírito Santo na regeneração e santificação. Alguns interpretam essa afirmativa como querendo dizer que ele acreditava que essas três manifestações fossem  estritamente consecutivas no tempo. Se for assim interpretada, Sabellius não refletia as crenças do antigo modalismo ou da moderna Unicidade.
A Enciclopédia Britânica descreve da seguinte maneira, a crença de Sabellius: "Sua proposição central era, com efeito, que o Pai, o Filho e Espírito Santo são a mesma pessoa, três nomes ligados a um mesmo ser. O que mais pesava para Sabellius era interesse monoteísta".[37]
Encontramos muito de nossa informação sobre os modalistas em Tertuliano (falecido em 225), que escreveu um trabalho contra Práxeas. Nesse tratado ele registrou que durante o seu ministério, "A maior parte dos crentes" aderiu a doutrina da Unicidade.
"O simples, na verdade (não os chamarei de ignorantes ou iletrados) que sempre constituem a maioria dos crentes, são iniciados na dispensação (de três em um), no próprio terreno em que sua regra de fé e os traz da pluralidade de deuses do mundo para o único Deus verdadeiro; não entendendo que, embora Ele seja o único Deus, tem que ser aceito em sua própria economia. A ordem numérica e a distribuição da trindade, eles presumem ser uma divisão da unidade".[38]
Os Crentes Da Unicidade Desde O Quarto Séculos Até O Presente
Encontramos evidência da existência de muitos outros crentes da unicidade através de toda a história da igreja, além daqueles descrito no documento apresentado neste capítulo. Achamos que os crentes que descobrimos representam apenas a ponta de um iceberg. Alguns escritores têm encontrado evidências da existência da doutrina da unicidade entre os Priscilianistas (de 350 a 700), Euchetas (por volta de 550 a 900), e Bogomilos (por volta de 900 a 1400). [39] Parece que a maior parte dos e crentes da unicidade não deixaram registro escrito. Outros tiveram suas obras escritas destruídas pelos seus oponentes vitoriosos. Muitos foram perseguidos em martirizados, e seus movimentos foram destruídos pelo cristianismo oficial. Não sabemos quantos dos crentes da unicidade e de seus movimentos a história deixou de registrar, ou, quantos dos assim chamados hereges eram, na realidade, crentes da unicidade. O que encontramos, no entanto, revela que a crença da unicidade sobreviveu apesar da violenta oposição que enfrentou.
Na idade média, o preeminente estudioso e teólogo Abelardo (1079-1142) foi acusado de ensinar a doutrina de Sabellius (unicidade). [40] Seus inimigos o impediram de continuar ensinando. Ele procurou refúgio num mosteiro em Cluny, França, e lá morreu.
Com a reforma muitos se opuseram a doutrina da trindade, aceitando a crença da unicidade. Um antitrinitarianista famoso do tempo da reforma foi Miguel Serveto (1511-1553), físico espanhol. Ele teve apenas alguns seguidores, embora alguns historiadores o considerem como força motriz do desenvolvimento do unitarianismo. Ele, entretanto, não era, absolutamente, unitarista, pois aceitava Jesus como Deus. O modo como é descrito indica, claramente, que ele era um verdadeiro crente da unicidade: "A negação, por parte de Serveto, da tripersonalidade da divindade e da eternidade do Filho, junto disse que seu anabatismo tornou seu sistema abominável tanto aos católicos quanto aos protestantes, apesar de ser intenso Biblicismo, sou apaixonada devoção a pessoa de Cristo, e seu esquema Cristocêntrico do universo".[41]
Serveto escreveu: "Não há outra pessoa de Deus a não ser Cristo... a completa divindade do Pai está nele". [42] Serveto foi tão longe a ponto de chamar a doutrina da trindade de monstro de três cabeças. Ele acreditava que ela, necessariamente, levava ao politeísmo que era um engano proveniente do diabo. Ele acreditava, também, que porque a igreja aceitara o trinitarianismo, Deus permitiria que ela viesse a ser governada pelos papas e assim, perdesse a Cristo. Ele não podia entender por que os protestantes mesmo se afastando do catolicismo ainda insistiam em manter a doutrina da trindade, não bíblica e criada pelos homens.
Serveto foi queimado numa fogueira, em 1553, por sua crença na unicidade, com a aprovação de João Calvino (embora Calvino preferisse que fosse decapitado). [43]
 Emmanuel Swedenborg (1688-1772) foi um escritor religioso e filósofo sueco que manifestou um bom entendimento da unicidade de Deus. Ele ensinou várias outras doutrinas que são muito diferentes daquilo que cremos, mas ele compreendeu o que Jesus é, realmente. Ele usou o termo trindade, mas observando que significava apenas "Três tipos de manifestações" e não uma trindade de pessoas eternas. Ele o usou Colossenses 2:9 para provar que toda a "Trindade" estava em Jesus Cristo, e se referiu a Isaías 9:6 e João 10:30 para provar que Jesus era o Pai. Ele negava que o Filho tivesse sido gerado desde a eternidade, afirmando que o Filho de Deus era a humanidade pela qual Deus enviara a Si mesmo o mundo. Ele acreditava, também, que Jesus era Jeová Deus, que assumira a humanidade para salvar o homem. Swedenborg escreveu:
"Aquele que não buscar o Deus verdadeiro do céu e da terra, não poderá entrar no céu, porque o céu é céu do único Deus, e esse é Jesus Cristo, que é Jeová, o Senhor, desde eternidade o Criador, no tempo o Redentor, e para a eternidade o Regenerador: conseqüentemente, Aquele que é, ao mesmo tempo, o Pai, Filho e Espírito Santo; e esse é o evangelho que deve ser pregado".[44]
Para ele Deus (Jesus) se compunha do Pai, do Filho, e do Espírito, assim como o homem se compõe da alma, do corpo e do espírito - uma analogia inapropriada. No entanto, a explicação de Swedenborg para a divindade é espantosamente semelhante à aceita pelos crentes da unicidade, hoje.
O século XIX viu o aparecimento dos escritores da unicidade. John Miller, ministro presbiteriano, foi um desses crentes da unicidade, na América. Em seu livro: "É Deus uma Trindade?", escrito em 1876, ele o usou uma terminologia ligeiramente diferente daquela dos modernos escritores da unicidade, mas as crenças que ele expressava são basicamente idênticas às dos crentes da unicidade, hoje. É espantoso ler seu livro e ver quão perto ele se coloca do ensino da moderna unicidade, inclusive em seu modo de entender Mateus 28:19. Miller acreditava que a doutrina da trindade não era bíblica e que ela impedia enormemente a igreja de alcançar os judeus e os muçulmanos. Ele declarou, enfaticamente, a perfeita divindade de Jesus Cristo.
Os crentes da unicidade existiram, também, na Inglaterra do século XIX. David Campbell relatou ter encontrado um livro, escrito em 1828, que ensinava a unicidade. [45] O autor era John Clowes, pastor da igreja de São João, em Manchester.
O século XX a força mais significativa da unicidade têm sido os Pentecostais da unicidade, embora alguns estudiosos classifiquem o famoso teólogo neo-ortodoxo, Karl Barth, como modalista (unicidade). [46] Charles Parham, o primeiro líder do movimento pentecostal do vigésimo século, começou a ministrar o batismo pela água, em nome de Jesus, embora, aparentemente, não ligasse essa prática a uma negação explícita do trinitarianismo.  [47] Depois de 1913, muitos Pentecostais rejeitaram o trinitarianismo e a fórmula batismal trinitarianista, dando início ao movimento da moderna unicidade Pentecostal.
Hoje existe várias organizações da Unicidade Pentecostal. As maiores com sede nos Estados Unidos da América são: A Igreja Pentecostal Unida Internacional (sem dúvida a maior), As Assembléias Pentecostais do Mundo, As Igrejas Mundiais da Bíblia de Nosso Senhor Jesus Cristo, As Assembléias do Senhor Jesus Cristo, A Igreja do Senhor Jesus Cristo da Fé Apostólica, e A Santa Igreja Vencedora Apostólica de Deus. Grupos da Unicidade Pentecostal com sede em outros países inclua A Igreja de Pentecostal Unida da Colômbia, igreja nacional e a maior igreja não católica do país; A Assembléia Apostólica da Fé em Cristo Jesus, com sede no México; o movimento da Unicidade Pentecostal na Rússia.; e a Verdadeira Igreja de Jesus, uma igreja nacional fundada por crentes chineses no continente mas cuja sede está agora em Taiwan. Há muitas organizações menores (aproximadamente 130 no mundo), igrejas independentes, e comunidades carismáticas que professam a doutrina da Unicidade Pentecostal. NO BRASIL, AS MAIS CONHECIDADAS SÃO: IGREJA EVANGÉLICA APOSTÓLICA COM SEDE EM CAMPINAS, SP – IGREJA VOZ DA VERDADE COM SEDE EM SANTO ANDRÉ, SP – IGREJA ASSEMBLÉIA UNICISTA DO SENHOR JESUS CRISTO COM SEDE EM VITÓRIA, ES – E COMUNIDADE PENTECOSTAL DO BRASIL ENTRE OUTRAS.
Para documentar algumas das afirmativas feitas nesse capítulo, reproduzimos, a seguir, em estudo preparado em 1978 para uma aula de religião na Rice University, em Houston, Texas. Note, particularmente, duas importantes conclusões nos primeiros parágrafos: 1. O trinitarianismo não estava solidamente estabelecida até o final do quarto século; 2. A grande maioria dos cristãos da primitiva igreja pós-apostólica adotavam  a unicidade, e esta foi a doutrina mais poderosa a se opor ao ponto de vista trinitarianista, quando este ganhou adeptos entre os líderes da igreja.
Essas conclusões e a informação apresentada no estudo não são apenas de nós mesmo, mas foram por nós recolhidas de conhecidos historiadores da igreja e de outras respeitáveis fontes apresentadas nas notas de rodapé e na bibliografia.
MONARQUIANISMO MODALISTICO:
A UNICIDADE NA HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA
por David Bernard
Qual é a natureza de Deus? Qual o relacionamento de Jesus Cristo com Deus? Essas duas questões são fundamentais para o cristianismo. A resposta tradicional dos cristãos é dada por sua doutrina da trindade. Entretanto, nos primeiros séculos do cristianismo, essa formulação não era, de modo algum, a definitiva. De fato, a Nova Enciclopédia Católica afirma que, nos séculos D.C. "Uma solução trinitarianista estava ainda por vir" e que o dogma trinitarianista "Não estava solidamente estabelecido... até o final do quarto século". [48]
Havia muitas explicações a respeito da natureza de Deus e Cristo, muitas das quais com boa aceitação pelo mundo todo. Uma das mais importantes delas foi o monarquianismo modalistico, que afirmava tanto a absoluta unicidade da divindade quando a divindade de Jesus Cristo.
De acordo com a história da igreja Adolf Harnack, o monarquianismo modalistico era o mais perigoso rival do trinitarianismo, no período de que 180 D.C até 300 D.C. De escritos de Hipólito, Tertuliano e Orígenes, ele inclui que o modalismo era a teoria oficial, em Roma, por quase uma geração, e era "Adotado pela grande maioria dos cristãos".[49]
Apesar de sua notória importância, é difícil chegar a uma completa descrição do que era, realmente o monarquianismo modalistico. Alguns dos mais três preeminentes modalistas foram Noetus, bispo de Ancyra, e Commodiano. Pelo menos dois bispos romanos (mais tarde classificados como papas), Callitus e Zephyrinus, foram acusados de serem modalistas, por seus oponentes. É difícil conseguir informação acurada respeito desses homens e suas crenças porque as fontes históricas existentes foram todas escritas por seus oponentes trinitarianistas cujo interesse era refutar a doutrina de seus antagonistas.
Sem dúvida, a doutrina dos modalistas foi mal interpretada, mal apresentada em distorcida, nesse processo. É impossível, portanto, encontrar uma descrição precisa das crenças de um modalista, em particular. Entretanto, colocando lado a lado as diferentes afirmativas a respeito desses diversos homens, é possível chegarmos a um razoável entendimento do modalismo. Por exemplo, havia, provavelmente, algumas diferenças na teologia de Noetus, Praxeas, Sabellius e Marcellus, mas quais eram essas diferenças fica difícil determinar. É certo, no entanto, que cada um deles afirmava a perfeita divindade de Jesus Cristo não admitindo existência de distinção de pessoas na Divindade.
A doutrina modalista é comumente explicada como sendo, simplesmente, a crença de que Pai, Filho e Espírito Santo são apenas manifestações, o modo de um Deus (à monarquia), e não três pessoas distintas (hipóstase). Ela deve ser diferenciada do monarquianismo dinâmico que também sustenta a unicidade de Deus, mas afirmando ser Jesus com ser subordinado, inferior. Mais precisamente, a monarquianismo modalistico é a crença que considera "Jesus como a encarnação da divindade" e o “Pai encarnado”.[50]
Esse ponto de vista tem óbvia vantagem de manter a forte tradição monoteísta judaica afirmando, ao mesmo tempo, a crença dos primeiros cristãos em Jesus, como Deus. Simultaneamente, ela evita os paradoxos e mistérios do dogma trinitariano. Entretanto, os trinitarianistas argumentam que ela não explica adequadamente o Logos, o Cristo pré-existente, ou a distinção bíblica entre o Pai e o Filho. Uma análise do modalismo revela suas respostas a essas objeções.
Os monarquianistas modalísticos não apenas tinham um conceito de Deus diferente daquele dos trinitarianistas, como tinham, também, definições diferentes do Logos e do Filho. Sua posição básica era a de que o Logos (o Verbo, em João 1) não é um ser pessoal distinto, mas está unido a Deus do mesmo modo que um homem e sua palavra. Ele é um poder "Indivisível e inseparável do Pai", como Justino, o mártir, descreveu a crença. [51] Para Marcellus, o Logos é o próprio Deus, particularmente sob o aspecto de sua atividade. [52] Assim, o conceito trinitarianista de Logos como um ser separado (baseado na filosofia de Philo) era rejeitado. Os modalistas aceitavam a encarnação do Logos em Cristo, mas para eles isso significava simplesmente a extensão do Pai, em forma humana.
Muito ligada a essa idéia está definição modalística do Filho. Eles afirmavam que o Filho se refere ao Pai vindo em carne. Práxeas negava a preexistência do Filho, usando o termo Filho aplicado apenas a encarnação. [53] A distinção entre o Pai e o Filho é que Pai se refere a Deus em Si mesmo, mas Filho se refere ao Pai enquanto manifestada na carne (em Jesus). O Espírito de Jesus era o Pai, mas Filho se refere especificamente à humanidade e divindade de Jesus. Claramente, então, os modalistas não queriam dizer que Pai e Filho fossem recíprocos, em terminologia. Queriam, antes, afirmar que as duas palavras não implicam hipóstases (pessoas) distintas de Deus, mas apenas diferentes modos de um único Deus.
Pondo lado a lado os dois conceitos de Logos e Filho, vemos como os modalistas pensavam a respeito de Jesus. Noetus disse que Jesus era o Filho por causa de seu nascimento, mas que Ele era também o Pai. [54] A doutrina modalística do Logos identifica o Espírito de Cristo como o Pai. A encarnação era como uma teofania final na qual o Pai se revela completamente. No entanto, esse não era o Docetismo (a crença de que Jesus era apenas um ser espiritual), porque tanto Práxeas quanto Noetus enfatizaram os a natureza humana de Jesus, especialmente seus sofrimentos e suas fraquezas humanas. Como no trinitarianismo, Jesus era "Verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus".
Para os modalistas, Jesus era a encarnação de toda a Divindade e não apenas a encarnação de uma pessoa separada chamada Filho ou Logos.
A mais comum objeção feita ao monarquianismo modalistico era o Patripassionismo, que significa, implicitamente que o Pai sofreu e morreu. Tertulliano foi o primeiro a assim acusar os modalistas. Ele entendia que o modalismo significava que o Pai é igual ao Filho. Mas isto significaria que o Pai morreu, uma clara impossibilidade. Desse modo, Tertulliano procurou ridicularizar e negar o modalismo.
Outros historiadores, tomando os argumentos de Tertulliano como verdade, rotularam a doutrina modalistica como Patripassianismo. Não há, entretanto, nenhum registro de qualquer modalista afirmando,explicitamente que o Pai sofreu ou que o Pai morreu. Sabellius evidentemente , negava a acusação de Patripassionismo. [55]
O assunto todo pode ser  facilmente resolvido, percebendo-nos que o modalismo não ensinava, como Tertulliano suppôs, que o Pai é o Filho, sim, que o Pai está no Filho. Como afirmou Commodiano, "O Pai entrou no Filho, em Deus onde que seja."[56] Semelhantemente, Sabellius explicou que o Logos não era o Filho mas era vestido pelo Filho."  [57] Outro modalistas em resposta à acusação,explicavam que o Filho sofreu, enquanto o Pai simpatizava ou "sentia com." [58] Com isso  quiseriam dizer que o Filho, o homem  Jesus, sofreu e morreu. O Pai, o Espírito de Deus dentro de Jesus, não poderia ter sofrido ou poderia ter morrido em qualquer sentido físico, mas, ainda assim, Ele deve ter sido afetado por, ou participou no sofrimento da carne. Adequadamente, Zephyrinus diz: "Conheço apenas um Deus, Cristo Jesus, e além dele nenhum outro que nasceu ou possa ter sofrido… não foia o Pai que morreu mas o Filho."[59]
Apartir dessas declarações parece claro que os modalistas afirmaram que o Pai não era a carne, mas foi revestido ou manifestado na carne. A carne morreu, mas o Espírito eterno não. Portanto, o Patripassianism é um  e termo enganandor e incorreto  para ser usado em relação ao monarquianismo  modalistico.  
Basicamente, então, monarquianismo  modalistico ensinavam que Deus não tem nenhuma distinção de número mas de nome ou modo apenas. O termo Filho se refere à Encarnação. Isso significa que o Filho não é uma natureza eterna, mas um modo da atividade de Deus, criado especialmente com a finalidade de salvar a humanidade. Não há um Filho pre-existente, mas podemos  falar de um Cristo pre-existente uma vez que o Espírito de Cristo é o próprio Deus. O Logos é visto como se referindo à atividade de Deus. Jesus é, portanto o Verbo ou a atividade do Pai revestido de carne. O Espírito Santo não é um ser separado tanto quanto o Logos. O termo Espírito Santo descreve o que Deus é, e se refere ao poder e açãode Deus  no mundo. Assim, ambos os termos Logos  e Espírito Santo se referem ao próprio Deus, em maneiras específicas de atividade.
O efeito do monarquianismo  modalistico é reafirmação do conceito do VelhoTestamento  de um, Deus indivisível que pode e realmente se manifesta, e o seu  poder  de várias maneiras diferentes. Além disso, Jesus Cristo é identificado como aquele Deus que se manifestou através da encarnação em um corpo humano.  O Modalismo dessa maneira, reconhece muito mais que o trinitarianismo, a completa Divindade de Jesus,  que é exatamente o aquilo que os modalistas afirmam.. [60] A perfeição e plenitude de Deus é Jesus.
Em resumo, o monarquianismo modalistico pode ser definido  como crença de que  Pai, Filho, e Espírito Santo são manifestações do único Deus sem distinções de pessoas. Além disso, o único Deus se expressa completamente na pessoa de Jesus Cristo.

Um comentário:

  1. A paz do Senhor amados.... gostei muito desse estudo
    preciso de mais...
    o capitulo 01 até 09

    meu nome Pr. Elias Paiva ministério unicista

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